Havia uma estrada marrom, marrom, a cor, quer dizer, dizem
que é uma cor, mas ela misturada a essa estrada, não passa de uma ausência; É
como se toda vida tivesse sido sugada de repente, como se todas as memórias
tivessem derretido e se tornado poeira, a poeira marrom que cobria tudo que
estava ali.
Árvores enfileiradas na costa da estrada, poderia ser um
cenário belo, para muitos que passaram ali, mas hoje são quase como uma trilha
sonora, mas sem som.
Dezenas de quilômetros mortos, como se o tempo tivesse
parado, ou será que é como ele tivesse
acelerado absurdamente, a ponto de nada mais existir¿
Há uma bifurcação em um ponto, onde o asfalto coberto pelo
tempo, pelo marrom, pela ausência, tende a continuar, mas o caminho que me
chama, tem somente terra, pura, marrom.
Ao olhar pra esse, um sentimento de esperança, mínima, tende
a cair sobre mim, parece que mesmo, tudo estando morto, parado, não há vento,
não há som, não há nada. Mesmo assim a terra me da à impressão de eu ter a
chance de uma nova escolha.
Abandono à estrada de asfalto morto, e sigo meu caminho em
meio á arvores mortas em uma estrada mais viva, quem sabe aqui eu me encontre.
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